UNO Agosto 2014

A reputação internacional

12_2O  “bom nome” dos países está, inevitavelmente, associado à seriedade com a qual eles conviveram na Comunidade Internacional, particularmente, com a coerência que demonstraram no cumprimento dos acordos que firmaram e no seu comportamento como países confiáveis no que diz respeito ao estabelecimento de políticas públicas, tanto internas quanto externas.

Especialmente, se essas políticas demonstram compromisso com os valores internacionalmente aceitos, tais como a liberdade, o estado de direito, a boa governança e o respeito pelos direitos que a humanidade considera vigentes.

A reputação que as nações possuem tem uma relação inevitável com o desenvolvimento do seu trabalho, porém, às vezes, acontece que, mesmo tendo feito seu “dever de casa”, a opinião pública se deixa levar por sensibilidades ou cenários que distorcem o bom nome de um país.

No mundo das comunicações, que atualmente conta com novas conexões e participantes no intrincado emaranhado das redes sociais, surgiram especialistas em comunicação que são elementos insubstituíveis de trabalho para “colocar as coisas no lugar”.

E, para isso, é necessário que os responsáveis pela chamada “diplomacia pública” vejam este novo aliado como um conselheiro na construção do “bom nome” que se deseja preservar, uma vez que as distorções e as inúmeras armadilhas que espreitam este valor estão sempre muito próximas.

Às vezes, acontece que a opinião pública se deixa levar por sensibilidades ou cenários que distorcem o bom nome de um país.

Sem aprofundar nessa questão, chamou à atenção a posição correta assumida pelo novo ministro das Relações Exteriores do Chile, Herald Muñoz, ao expressar a necessidade de possuir uma assessoria de comunicação para enfrentar uma situação derivada de uma apresentação feita pela Bolívia com relação às suas intenções perante o Tribunal de Justiça de Haia.

Isso se deve a que, nestes tempos, não basta possuir a melhor argumentação jurídica e os fatos para dar por concluída uma situação, é muito importante convencer a opinião pública nacional e internacional sobre o mérito dos argumentos, tornando-os permeáveis com a ótica que, às vezes, as pessoas aplicam para receber corretamente as mensagens e ideias que se pretendem divulgar.

12A propósito, devo manifestar o interesse pelos conceitos e o valor agregado inseridos pelo lançamento do livro “Reputación y Liderazgo” que nos oferece a LLORENTE & CUENCA, que, certamente, chamou a atenção de todos aqueles que tiveram a oportunidade de apreciar o seu conteúdo.

Como foi observado por José Antonio Zarzalejos, no prólogo da obra mencionada “nada se assemelha mais ao trabalho de formação de uma reputação que, precisamente, rebater com argumentos, ações, decisões e comportamentos uma realidade-entidade (seja da natureza que for) até conseguir dar forma a uma personalidade de renome e dessa forma ser percebida pelos seus grupos de interesse e, em última análise, pela opinião pública”.

Portanto, hoje não é suficiente ter razão, é preciso mostrá-la e prová-la para, dessa forma, preservar, entre outras coisas, o bom nome que se pretende proteger.

No contexto internacional, existem certos códigos ou protocolos que, inevitavelmente, devem ser “aggiornados” para uma diplomacia do século XXI.

Entre os quais, sem dúvida, a comunicação tem a maior relevância.

Portanto, essas reflexões devem ser colocadas em um contexto em que antes não ocupavam um elemento central da nova Diplomacia Pública, no qual a Assessoria de Comunicação elabore as características profissionais por meio das quais um país pretende ser visto.

As marcas “Espanha” e “Chile”, ou o que você quiser colocar na sua mente, terão um lugar e uma posição no mundo internacional, quando os países forem capazes de mostrar e comprovar seus princípios e valores, bem como a coerência e a consequência que tiveram ao longo do tempo para conquistar essa posição.

A Assessoria de Comunicação é um elemento central da nova Diplomacia Pública..

Como indicado em um artigo recente “O bom nome”, no El Mercurio, de 14 de maio de 2014, “construir uma boa reputação como país tem sido uma luta transversal, na qual a transparência e a coerência têm sido parceiras essenciais para construir o Chile de que nos orgulhamos e, em particular, pela sua projeção internacional, que nos deu confiabilidade no exterior.”

 

Sergio Romero
Ex-embaixador do Chile na Espanha
Advogado formado na Universidade Católica, líder sindical e político chileno. Durante três períodos consecutivos, foi senador pela V Região, e foi presidente do Senado em duas ocasiões.  Na sua atividade empresarial, ocupou uma grande variedade de cargos, entre os quais, foi vice-presidente da “Confederación de la Producción y el Comercio” e diretor da “Asociación de Radiodifusores” do Chile e do ICARE. Além disso, foi membro fundador do Fórum Interparlamentar das Américas e do Fórum Interparlamentar Ibero-americano. No âmbito diplomático, foi embaixador do Chile na Espanha e em Andorra, entre 2010 e 2014.

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