UNO Março 2016

O diretor da RSC, um intraempreendedor social

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Quem me conhece e sabe como trabalho, diz que eu sou um intraempreendedor social. De fato, durante toda a minha vida me considerei um empreendedor desde que parei a minha carreira e assumi a empresa familiar.

O que digo é que o que realmente me apaixona é fazer grandes coisas que impactem a vida das pessoas. Há oito anos pratico isto em todos os âmbitos de exercício da minha profissão.

Quando meu Presidente ou Conselheiro Delegado me pergunta qual é o meu trabalho, digo que sou pago para quebrar zonas de conforto. Para influenciar que outros façam cada vez melhor seu trabalho, pensando sempre nas pessoas cada vez que tomam uma decisão.

Mas o que é um intraempreendedor social? Uma definição formal poderia ser que somos pessoas que trabalham em uma grande organização e que temos a liberdade e os recursos para desenvolver projetos de mudanças que criam valor para a empresa e para a sociedade. Gosto da teoria do meu colega Rahul Raj, também First Mover Fellow do Aspen Institute “Intraempreendedores sociais encontram novas maneiras de melhorar o mundo e ganhar dinheiro. Eles conseguem isto juntando dois objetivos aparentemente divergentes, e é isso o que os torna únicos: eles abraçam o paradoxo”.

Somos pessoas que trabalham em uma grande organização e que temos a liberdade e os recursos para desenvolver projetos de mudanças que criam valor para a empresa e para a sociedade

O intraempreendedor social é, em si, um estado de espírito. Uma maneira de ser e de fazer que me levou a aprender muito nos últimos anos. Aprendizados que desejo compartilhar.

IMPACTO

O primeiro é a ambição de gerar impacto. Os intraempreendedores sociais não aceitam a realidade como ela é. Temos a intenção de transformá-la. E queremos fazer isto a partir de dentro. O Prêmio Nobel de Literatura e pensador irlandês Bernard Shaw dizia: “o homem razoável adapta-se ao mundo; um não razoável persiste em tentar adaptar o mundo por ele mesmo. Portanto, todo o progresso depende do homem irracional“.

É precisamente este o sentimento que se tem quando se começa a propor uma iniciativa para apoiar a criação de postos de trabalho em um banco ou quando se trabalha para que o banco trate de forma clara e transparente com seus clientes. Um banco transparente? Este não seria talvez um paradoxo?

Para ter um grande impacto, os intraempreendedores sociais identificam os desafios pendentes de mudança em temas relevantes. Projetos alinhados com nossos valores. Projetos que supõem disrupção e, portanto, a aceitação de riscos. Os intraempreendedores sociais sonham.

07_1ESTRATÉGIA

A segunda lição é a necessidade de contar com uma estratégia adequada. Criamos uma nova maneira de repensar o desafio, descolocando as restrições. Buscamos os dados relevantes. “Prototipamos” rápido, nos equivocamos logo. Aprendemos e logo visualizamos uma solução, compartilhamos com as pessoas chave para incorpora-las rapidamente e ajustá-las juntos

No caso da transparência e da clareza é essencial reunir evidências que mostrem que eram a base para gerar a percepção de uma empresa responsável e incentivar uma maior recomendação por parte dos clientes.

Aos intraempreendedores sociais não bastam alcançar nossos sonhos. De uma forma ou outra chegaremos. Os intraempreendedores perseveram.

HISTÓRIA

A terceira aprendizagem é a força da história. Construímos uma história que comove, que faz sentido. Uma história que não deixa margem para indiferença. Que se conecta com o propósito da organização e que dá vida. E essa história levamos onde importa.

Por esta razão, na minha opinião, é chave passar da RSC ao negócio responsável. Observar o enorme impacto que a atividade da empresa gera na vida das pessoas. Deveríamos ser capazes de traduzir o balanço e a conta de resultados de euros a pessoa. Ponto por ponto.

Como disse meu amigo Loreto Rubio em seu magnífico livro Necessitamos de todos, os intraempreendedores sociais não comunicam, conectam.

Sonhamos, perseveramos, conectamos, mobilizamos. Assim são os intraempreendedores sociais. Assim são os diretores da RSC que nossas organizações precisam

RESSONÂNCIA

A quarta aprendizagem é a ressonância. Buscamos sempre o envolvimento de todos, já que juntos escalamos mais rápido e melhor.

A partir daí começa a mobilização, criando uma ampla coligação para a mudança, em que os verdadeiros protagonistas são “os outros”. Um movimento que se alimenta com quick wins, com visibilidade e reconhecimento. Os intraempreendedores sociais mobilizam.

Sonhamos, perseveramos, conectamos, mobilizamos. Assim são os intraempreendedores sociais. Assim são os diretores da RSC que nossas organizações precisam.

Antoni Ballabriga
Diretor-Global de Negócio Responsável do BBVA. Presidente da DIRSE
Diretor Global de Negócios do BBVA. Sua missão é assegurar que o banco situe, de forma sistemática, as pessoas no centro dos processos de tomada de decisão. Presidente da DIRSE, Associação Espanhola de Diretores de Responsabilidade Social Corporativa (RSC). É também CEO da Momentum Social Investiment, um fundo de investimento de impacto, liderado pelo BBVA para apoiar o crescimento das empresas sociais. Antoni foi presidente e fundador da SpainSIF, Fórum Espanhol de Investimento Socialmente Responsável. Bacharel em Administração de Empresas, com MBA pela ESADE. É colaborador acadêmico na ESADE. Realizou estudos de pós-graduação sobre a estratégia e responsabilidade social corporativa na Harvard Business School. Antoni também é First Mover Fellow del Aspen Institute nos EUA.

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