UNO Novembro 2014

Educação, Inovação e Cultura: XXIV Cúpula Ibero-americana

04_2O México será o país anfitrião da XXIV Cúpula Ibero-americana de Chefes de Estado e de Governo, após ter acolhido, em 1991, a primeira edição deste mecanismo, na cidade de Guadalajara.

Este ano, a cidade de Veracruz, cujo significado é fundamental para a história da Ibero-América, será sede do encontro nos dias 8 e 9 de dezembro de 2014, com o tema: “Ibero-América no século XXI: Educação, Inovação e Cultura”. Em torno destes temas convergirão todos os encontros ministeriais, seminários e fóruns preparatórios para a Cúpula.

O presidente, Enrique Peña Nieto, fez várias referências em diversas ocasiões sobre a vigência da ideia de uma transformação da Conferência Ibero-americana (que agrupa 22 nações que falam espanhol e português, com 630 milhões de habitantes), mas deve transformar-se diante da nova realidade para continuar a dar frutos.

A consolidação do espaço cultural ibero-americano representa a via propícia para que a Ibero-América enfrente seu presente e imagine seu o futuro. A validade da Cúpula está em entender que a educação, a inovação e a cultura são os princípios orientadores com os quais a comunidade ibero-americana alcançará seu pleno desenvolvimento no contexto da comunidade global, tal e como foi estabelecido na Declaração de XVII Conferência Ibero-Americana de Cultura, realizada em agosto de 2014.

Do mesmo modo, a mesma Declaração considerou que a educação é o mais valioso recurso para as pessoas, sociedades e governos na Ibero-América, enquanto a inovação no processo educacional é uma insubstituível ferramenta para nosso desenvolvimento. A interação entre os dois elementos é imperativa no nosso tempo.

A consolidação do espaço cultural ibero-americano representa a via propícia para que a Ibero-América enfrente seu presente e imagine seu o futuro.

04No entanto, é importante compreender que, para avançar em relação à educação, é também fundamental entender a necessidade de construir redes de talentos. A mobilidade acadêmica internacional é uma experiência inovadora que contribui para melhoria da qualidade da educação, cujo impacto transcende a vida de quem o realiza, porque amplia o patrimônio cultural e potencializa competências interculturais das pessoas envolvidas nele, incentivando participantes a desenvolver novos conhecimentos e habilidades. Quanto mais intensa a rede de contatos, o diálogo e a cooperação no Espaço Ibero-americano do Conhecimento, mais crescerá nossa capacidade de criar e inovar e favorecer a construção de uma “cidadania ibero-americana.”

Portanto, através deste Espaço Cultural Ibero-Americano e da Secretaria Geral Ibero-americana, se coordenará e se dará impulso à adoção de políticas públicas entre os nossos países, a partir de programas concretos para promover a mobilidade de profissionais no campo da cultura e da circulação de bens e serviços culturais.

Além disso, se desenhará e impulsionará uma Agenda Digital Cultural para a Ibero-América que, com uma abordagem transversal, fomente a inclusão da cultura ibero-americana nas redes mundiais de informação – com especial atenção aos direitos autorais – e promova a participação da sociedade em grandes possibilidades oferecidas pela cultura digital.

A educação, a cultura e a inovação são lanças de Quixote, mas também os instrumentos fundamentais para olhar o futuro com os pés no chão.

Por último, se adotará a proposta mexicana de criar um grupo de trabalho permanente, integrado inicialmente por Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Espanha e México, coordenado pela SEGIB, com o apoio da OEI, cuja principal tarefa será desenhar a Agenda Digital Ibero-americana, com ênfase na digitalização sistemática do patrimônio cultural, a geração de conteúdos locais compartilhados, plataformas digitais, a tecnologia nos espaços culturais, as artes digitais e as indústrias criativas; reconhecendo as diferenças e assimetrias existentes entre os países. Tudo isso, em um clima de respeito e proteção da diversidade cultural e de promoção a setores da economia vinculados à cultura digital local.

De frente para o grande território de la Mancha que se referia Carlos Fuentes quando pensava Ibero-América, resta dizer que a educação, a cultura e a inovação são lanças de Quixote, mas também os instrumentos fundamentais para olhar o futuro com os pés no chão.

Roberta Lajous
Embaixadora da Espanha e do Principado de Andorra
É membro do Serviço Exterior Mexicano desde 1979. Em 1995, obteve o posto de Embaixadora. É graduada em Relações Internacionais pelo El Colegio de México e professora em Estudos Latino-Americanos da Universidade de Stanford, na Califórnia. Foi Embaixadora do México na Áustria (1995-1999), Cuba (2002-2005) e na Bolívia (2007-2009), representante permanente das Nações Unidas com sede em Viena (1995-1999) e, posteriormente, em Nova York (2001-2002). Na Secretaria de Relações Exteriores foi Diretora Geral para a América do Norte (1983-1986) e, posteriormente, para a Europa (1986-1988). Também foi membro do Comitê Executivo Nacional do Partido Revolucionário Institucional, entre 1989 e 1994 e de 2005 a 2006.

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