UNO Novembro 2014

Educação para empreender, inovação para crescer

13_2O título da próxima Cúpula Ibero-americana: “A Ibero-América no século XXI: Educação, Inovação e Cultura,” é suficiente para falar de alguns dos desafios e pontos fortes dos membros da Comunidade na globalização.

Os países da América Latina e do Caribe deixaram para trás os anos de solidão e foram inseridos, em geral, na globalização do nosso tempo. Aqueles países que consolidaram suas democracias e acertaram em suas políticas macroeconômicas, experimentaram crescimentos econômicos sustentados com a inclusão social: a classe média aumentou com o ingresso de 50 milhões de pessoas na última década, a pobreza foi reduzida em 70 milhões e o coeficiente de Gini, que mede desigualdade social, melhorou; Se em 1996, a média da região era de 0,58, em 2011 caiu para 0,52. Além disso, as multilatinas se consolidaram como atores empresariais relevantes, com operações na América do Norte, Europa e Ásia.

Os sócios europeus da Comunidade também experimentaram um desenvolvimento indiscutível, apesar de ter sofrido a mais forte crise socioeconômica em décadas. A Espanha é a origem de grupos multinacionais com forte componente tecnológico, que há vinte anos atrás, mal haviam começado o processo de internacionalização. Esta mudança pode ser constatada nos investimentos espanhóis na América Latina, representando o segundo maior volume, e o décimo do mundo, com mais de 600 bilhões de dólares, ou seja, 2,7% do total, de acordo com a UNCTAD.

Agora bem, os países da Comunidade têm de se perguntar sobre as chaves que permitirão continuar a integra-los com êxito na globalização. Especialmente agora que as perspectivas econômicas na América Latina são menos esperançosas, e que o crescimento previsto dos parceiros europeus está abaixo do registrado em outros períodos expansionistas. E por isso se acerta ao levantar a educação e a inovação como elementos centrais do debate da Cúpula de Veracruz.

“Nós, Ibero-americanos devemos converter-nos em uma Comunidade inovadora em tecnologia, como somos empreendedores e inovadores em outros campos, como cultural.

Apesar dos esforços que têm sido feitos nos últimos anos no âmbito da educação, os resultados obtidos pelos sócios ibero-americanos no relatório PISA 2012 da OCDE podem ser melhorados. As Universidades Ibero-americanas tampouco se destacam no ranking. Por isso, além de continuar promovendo políticas que melhorem a qualidade da educação, é imprescindível que se fomente a aprendizagem de estudos técnicos e científicos. O empreendedorismo deve estar presente em todas as etapas da educação, especialmente nos países europeus da Comunidade, onde o espírito empreendedor é menor.

Também é preciso potencializar fórmulas que ofereçam educação continuada aos funcionários e empreendedores, a fim de melhorar as capacidades inovadoras, particularmente no campo da tecnologia. Neste sentido, Toffler afirmou: “Os analfabetos do século XXI não serão aqueles que não sabem ler e escrever, mas aqueles que não sabem aprender, desaprender e reaprender”. A tecnologia oferece múltiplas opções nesta área a custos razoáveis.

13Um empreendedorismo de maior valor agregado e um clima favorável para a I+D+i melhorará o nível de inovação. Entre outras medidas, é preciso promover a colaboração de centros de pesquisa públicos e empresas, bem como o investimento do setor privado em I+D. De acordo com o Banco Mundial, membros da Comunidade, com menos de 1% do PIB dedicado a I+D, estão longe do gasto médio global, que alcança 2,13% do PIB. Além disso, a criação de uma rede de I+D+i nos países da Comunidade pode ter efeitos multiplicadores. Nós, Ibero-americanos devemos converter-nos em uma Comunidade inovadora em tecnologia, como somos empreendedores e inovadores em outros campos, como cultural.

A cultura, em suas múltiplas facetas, é a força da comunidade, tanto por elementos comuns, em especial as duas línguas que unem ambos os lados do Atlântico, bem como a diversidade, que enriquece o espaço cultural ibero-americano. Nossa cultura nos dá alguns recursos de identificação que nos permitem lidar com mais confiança com estes tipos de mudanças e de reinvenções permanentes. Além disso, é oportuno salientar que a Comunidade Ibero-Americana  conta com o patrimônio histórico e artístico mais importante, vasto e diversificado do mundo. A cultura traz princípios e valores à nossa Comunidade e, em conjunto com o patrimônio, agrega também uma grande oportunidade econômica.

Temos de aproveitar as oportunidades da sociedade e da economia digital para promover parcerias que assegurem uma Comunidade cada vez mais coesa.

A inovação é o elemento-chave que garantirá um ciclo de crescimento vigoroso e sustentável, com ganhos de produtividade e melhores índices de inclusão social. A tecnologia desempenha um papel relevante, por isso temos de aproveitar as oportunidades da sociedade e da economia digital para promover parcerias que assegurem uma Comunidade cada vez mais coesa, porque, juntos, na globalização podemos ser mais fortes e competir melhor. Veracruz pode ser o ponto de partida que nos conduzirá nesta direção.

Tomás Poveda
Diretor Geral da Casa da América
É Diretor Geral da Casa da América desde março de 2012. Graduou-se em Direito na Universidad Complutense de Madrid e tem Mestrado em Direito Comunitário Université Libre de Bruxelles, na Bélgica (ULB). Poveda tem experiência na área de gestão e como diretor de relações institucionais e regulação, em multinacionais como a General Electric. A Casa da América, em Madri, é uma instituição de diplomacia pública do Ministério de Assuntos Exteriores e de Cooperação. A instituição abriga debates e atividades sobre questões-chaves da América, em assuntos sócio-políticos, culturais e econômico-empresariais. 

Queremos colaborar com você

Qual o seu desafio?

Quer fazer parte da nossa equipe?

Quer que a LLYC participe do seu próximo evento?