UNO Julho 2020

O oásis comercial

Muitos consumidores espanhóis estiveram analisando no dia 29 de maio passado, se era conveniente ou não voltar a um centro comercial. Nessa data, depois de mais de 80 dias em estado de alarme, sua Comunidade entrava na fase dois, assim que visitar os centros em sua totalidade voltava a ser uma opção desejada para muitos deles. É provável que a maioria não o saiba nunca, mas nesses dois meses e meio todo um setor havia voltado a reinventar-se e a inovar até no último metro quadrado de sua superfície. Um esforço extraordinário para garantir a segurança e assegurar a tranquilidade e satisfação de seus clientes.

Os centros comerciais nasceram na Espanha durante a transição democrática, no começo dos anos oitenta. Desde então foram se adaptando a cada uma das muitíssimas novidades sociais que nos definiram como país. A abertura, a modernização, o lazer familiar, o interesse pela gastronomia, a incursão das grandes marcas internacionais, a digitalização ou a omnicanalidade entre elas.

Souberam adaptar-se e até antecipar cada um desses marcos sociais, assumi-lo e convertê-lo em próprio. Há atualmente mais de 560 centros, que oferecem mais de 16 milhões de metros quadrados de superfície bruta alugável a mais de 36.000 comerciantes. Cada ano passam por suas instalações próximo a 2 bilhões de pessoas e dão emprego direto ou indireto a mais de 740.000 profissionais. Representam 0,7% do PIB nacional e sua quota de mercado é de 18,1%.

“Representam 0,7% do PIB nacional e sua quota de mercado é de 18,1%”

Se já tinham um papel relevante no comércio, no lazer e no entretenimento familiar, a partir de agora os centros o terão também na segurança do trânsito de pessoas, na capacidade de inovação e no necessário processo de fidelização entre as principais marcas e seus clientes. Definitivamente, seguirão formando parte do modo de vida dos espanhóis. Há muitos anos que a evolução no mundo do comércio é uma constante, e nesta ocasião não vai ser distinto.

Um centro comercial supõe um espaço limitado que se gerencia de forma integral. Um “ágora” ou um espaço compartilhado, onde gerenciar a afluência e a segurança de todo o complexo resulta inclusive mais eficiente.

Dispomos de dados atualizados em tempo real e a qualquer momento. Conhecemos entradas, saídas e ocupação. Além disso, comunicamos esta informação em tempo real em nossas telas, nas redes sociais e nas páginas web de nossos centros comerciais, sempre com a máxima transparência. O cliente está informado em todos os momentos sobre o influxo a seu centro comercial, o que lhe permite planificar a visita e saber o grau de ocupação que se vai encontrar, tanto no centro como no estacionamento.

Ao mesmo tempo, grande parte dos arrendatários de nossos ativos são grandes e médias empresas com capacidade suficiente para desenvolver seus planos de negócio e adaptá-los às novas situações que se irão produzindo quando consolidemos a normalidade. Operarão em espaços seguros e estarão em condições de garantir o cumprimento de medidas higiênico e de saúde muito superiores aos protocolos gerais estabelecidos tanto para funcionários e fornecedores como para clientes finais. Isto lhes permitirá recuperar sua oferta quase de maneira imediata, com a capacidade de atração que proporciona nosso modelo de centros dominantes, completos e accessíveis.

Já faz muito tempo que é uma evidência que os espaços de venda online e física não somente são compatíveis, mas que sua colaboração além disso se tornou indispensável. Juntos representam muito mais que cada uma de suas partes. Os principais retailers são fortes na rede, mas utilizam seus espaços emblemáticos para fidelizar a sua clientela. Na situação inversa, os e-tailers estão abrindo lojas em todo o mundo e os centros comerciais foram consolidados como o principal foco de atração e interseção de ambos mundos.

A fórmula da compra online e retirada na loja, click & collect, se consolidou como uma poderosa ferramenta comercial. É uma solução eficiente, que simplifica as necessidades logísticas dos comércios, reduz as distâncias entre o físico e o digital e favorece a atração experiencial e a fidelização mediante a visita a uma loja física, onde também se expõe o que essa marca representa.

A adaptação contínua ao cliente e o foco em sua experiência de compra, é também um fator determinante. Se trata de entender do que eles gostam, o que lhes incomoda e o que lhes importa, fazendo um seguimento contínuo desses fatores mediante uma recolha permanente de dados e experiências.
Além disso, na nova normalidade vai aumentar de forma substancial a colaboração entre os gestores de centros e as lojas que o formam. Se trata de ajustar o mix comercial de cada centro, de torná-lo diferencial e atraente, capaz de responder a cada nova demanda dos clientes e de visualizar por onde irá o que esses mesmos
clientes vão a colocar em moda. Os centros comerciais serão um oásis de segurança, mas também autênticos laboratórios onde se testarão as chaves da demanda e a oferta comercial de cada temporada.

Em Lar Espanha estamos persuadidos de que o setor de centros e parques comerciais está preparado para adaptar-se a este novo cenário. Aqueles próximos aos clientes; tecnicamente sofisticados; conectados com sua comunidade; com entornos sustentáveis e seguros, e volcados na satisfação de seus clientes, sem dúvida vão ser parte da nova fórmula ganhadora. Resulta evidente além disso que seu papel será fundamental para a normalização da vida social e a recuperação de nossa economia nos próximos meses.

A situação excepcional que vivemos durante o estado de alarme acelerará de maneira vertiginosa as importantes mudanças que, em qualquer caso, já estavam funcionando no setor, assim como a transformação que estávamos vivendo e para a que já nos havíamos preparado. Assim que, esse cliente que decidiu voltar a seu centro no 29 de maio passado e aquele que o fará nos próximos dias, se sentirá seguro e recuperará o costume. Se até agora os centros comerciais haviam sido um destacado ponto de encontro da vida familiar e social, de agora em adiante serão também seu principal oásis.

 

 

Miguel Pereda
CEO e acionista do Grupo Lar e diretor do socimi Lar España,
CEO e acionista do Grupo Lar e diretor do socimi Lar España, previamente foi conselheiro delegado do Grupo Lar Grosvenor. Miguel Pereda conta com mais de 25 anos de experiência no setor imobiliário. Em 2015 foi nomeado Membro Eminente do Royal Institution of Chartered Suveyors (RICS) de Londres. Preside também na atualidade Villamagna, sociedade do grupo Grosvenor, e a Fundação Altamira Lar. Formado em Ciências Econômicas e Empresariais pela Complutense, conta com um MBA pelo Instituto de Empresa, um Breakthrough program for sênior Executives pelo IMD, um Mestrado em assessoria fiscal por ICADE e um Real estate management program por Harvard University.[Espanha]

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