UNO Novembro 2020

GOVERNANÇA e LIDERANÇA

A tecnologia, a incerteza de nosso tempo e também, claro, a COVID-19 estão impulsionando uma mudança substancial de valores, hábitos e formas de comportamento coletivo, que exige também um novo modelo de liderança econômica, política e social.

Este é o tema central que abordamos nesta UNO 35, na qual temos uma série muito interessante com colaborações que abordam o assunto de diferentes pontos de vista e geografia

Há uma linha argumental comum. Em vários deles se assegura que atravessamos uma crise transformadora, que na realidade deve acelerar diversas forças de mudança já em andamento, quase todas vinculadas à transformação digital. Necessitamos economias muito mais sólidas, mas também mais flexíveis e resilientes. Fazem falta novos sentidos e espaços de colaboração entre os âmbitos público e privado, assim como uma agenda de reformas estruturais com vocação de Estado e compromisso com a antecipação a longo prazo.

Se exige uma nova governança e, do mesmo modo, os valores, os gestos e os estilos da liderança também estão mudando. Na LLYC acabamos de comprová-lo ao realizar, junto a Trivu, o estudo Future Leaders: um dos primeiros relatórios que compara as formas de expressão dos líderes de hoje e da geração que vai liderar o mundo em menos de duas décadas.

Por meio do processamento linguístico e da Inteligência Artificial, descobrimos que os líderes de hoje são melhores em lidar com o mundo das ideias e até mesmo consideram qualquer inovação garantida e aceita. São pragmáticos, mas necessitam contar com ordem e estrutura a seu redor. Em contrapartida, as novas gerações são responsáveis, idealistas e menos hierárquicas. Contam com um sentido do dever mais aguçado, mente aberta e um alto nível de curiosidade. A tecnologia, claro, eles carregam no DNA. Também são assertivos, mas de forma diferente dos mais velhos, se mostram mais participativos e respeitosos com o bem-estar dos outros. São conscientes do impacto das pessoas no mundo externo e da necessidade de pensar mais no coletivo.

Contudo, a grande diferença entre uns e outros tem que ver com o gerenciamento emocional; a capacidade para conduzir de maneira apropriada os sentimentos. Entre os líderes tradicionais está mais oculta; consideram uma parte substancial de sua atividade. 

Essa propensão emocional lhes tornam melhor situados na hora de interagir. Ao expressar-se, os futuros líderes empregam mais os verbos como ajudar, sentir ou compartilhar. Também falam de amar, perder ou conseguir; de aprender, entender ou escutar. Não conjugam tanto verbos dominantes como ganhar, permitir, pagar, significar ou parecer – usados pelos líderes atuais. Palavras como vida, pessoas, amigo ou equipe são mais cotidianas para os futuros.

Estamos, em resumo, diante de outro movimento pendular dos muitos que acompanham a história das lideranças. Se nos atemos ao estudo, o que é relevante é que agora esse movimento vai ser inusitadamente rápido em todos os países analisados. É uma tendência geral. A sociedade que sair desta crise demandará de seus líderes mais respiração e muito menos ordens. Pode ser que vejamos líderes mais vulneráveis, mas com certeza também serão mais empáticos, próximos, passionais, agradecidos e comprometidos.

Em meio a uma enxurrada de incertezas, parece que a pandemia acelerou o caminho na direção desse modelo de gerenciamento mais emocional, participativo e eficiente onde, ao contrário de até agora, será mais importante o “Fazer” que o “Falar”. Nesta edição da UNO você encontrará também a visão de algum destes novos líderes, um membro dessa geração com uma causa que já está transformando diversos setores.Também uma entrevista com o presidente da CEOE, Antonio Garamendi, que define os desafios os empresários enfrentam. São tempos difíceis, mas cheios de oportunidades. Como diz Ramón Jáuregui no artigo que assina nesta revista, necessitamos mais que nunca lideranças sólidas, exemplares, responsáveis e sustentáveis. Aqueles que antes se adaptaram a esta nova realidade, que souberem interpretar com precisão as mudanças, terão garantida boa parte do futuro e, portanto, do sucesso.

José Antonio Llorente
Sócio Fundador e Presidente da LLYC
Como especialista em comunicação corporativa e financeira, ao longo dos seus mais de 25 anos de experiência assessorou numerosas operações corporativas – fusões, aquisições, desinvestimentos, joint ventures e colocação em bolsa –. É o primeiro profissional espanhol que recebe o prêmio SABRE Award de Honra pela realização Individual dos objetivos extraordinários - SABRE Award por Outstanding Individual Achievement - um prêmio a nível europeu, concedido pela The Holmes Report. Durante dez anos trabalhou para a firma multinacional Burson-Marsteller, onde foi Conselheiro Delegado. Atualmente é membro do Patronato da Fundação Euroamérica e da Junta Diretiva da Associação Espanhola de Acionistas Minoritários de Empresas Cotizadas. Pertence também ao Conselho Assessor de PME da Confederação Espanhola das Pequenas e Médias Empresas, à Junta Diretiva da Associação de Agências de Espanha, e ao Conselho Assessor do Executive MBA em Direção de Organizações de Serviços Profissionais organizado por Garrigues. José Antonio é Licenciado em Ciências da Informação, ramo de Jornalismo, pela Universidade Complutense de Madrid, e especialista em Public Affairs pela Indiana University da Pensilvânia e pelo Henley College de Oxford.

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